segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Globalização pouco global!



Não, não é um convite para ir para a neve. É Davos, que termina sem consenso, ou melhor, sem soluções para a "crise", revelando a grande anedota dos tempos que correm. Tempos esses de globalização, dos gigantes globais, das comunicações globais, dos monopólios globais, das marcas globais, das empresas globais mas e quando se fala de crise? Onde é que estão as soluções globais? E as políticas globais? E as medidas globais? É que, ao chamar-se "global" a esta crise, embora o seja de facto, só o é nos seus efeitos, pois ninguém assume a sua parte de culpa. Já agora, até se aproveita para ir ao mapa, tirar o pó e puxar o lustro às fronteiras que pareciam tão apagadas e mortiças mas afinal estão (e sempre estiveram) lá. E aproveita-se o momento solene para recordar o mundo da culpa do vizinho e da nossa inocência. E já agora recorda-se também, um bocadinho, as nossas diferenças, porque que em tempos de vacas gordas, quando se anda de barriga cheia é tão fácil pensar: Ahhhh… Como é bom sermos todos iguais!
Pelos vistos a "globalização" só funciona quando a seta está no verde. Quando os peixes se vão comendo, segundo a “ordem natural” das coisas, um após outro, sendo que o último é sempre maior que o anterior. Assim que esta cadeia alimentar é interrompida por uma indigestão ou pior, uma intoxicação alimentar, pronto! Zangam-se as comadres, viram-se as costas, ninguém come mais ninguém e ninguém se fala (fora meia dúzia de peixes, dos maiores, que vão trocando umas impressões entre eles de como é que hão-de continuar a papar os pequenitos assim que lhes passar a dor de barriga). Começam a atribuir-se as culpas para poder votar uns quantos ao ostracismo e restabelecer a ordem e o equilíbrio. Os grandes dizem que os pequenos estavam estragados e não avisaram e os pequenos defendem-se dizendo que, se assim era, foi porque os grandes não tinham nada que limpar o rabo com o plâncton de que eles (os pequenos) se alimentam.
E pronto, a globalização é assim.

1 comentário:

João Santos disse...

Boa! Bem, estou de acordo com a síntese e a forma de desccrever o âmago da lota, apenas não concordo com o ataque à Globalização (coitada, que culpa tem uma flor por nascer?); a palavra só existe, assim como o conceito e o facto através de uma raça de seres superiores (humanos)pertencentes a uma cadeia de vida, fenómeno estranho e complexo que ainda não se encontra suficientemente estudado, também pelos tais humanos.