quinta-feira, julho 21, 2005

Perversidades

O DD acha que Luís Campos e Cunha devia ter ficado no seu posto, caladinho, obedecendo às ordens de José Sócrates. JPH vai mais longe e escreve que Campos e Cunha não queria aplicar o programa do Governo - do qual constam os investimentos na OTA e TGV - sufragado pelo povo, como, aliás, "já o tinha feito com o aumento do IVA" (sic).

O facto de JPH responsabilizar o ministro das Finanças pelo aumento do IVA e não o primeiro-ministro, que foi quem fez a promessa do contrário durante a campanha eleitoral, é de uma desonestidade intelectual brutal.
Quem se comprometeu com o eleitorado foi José Sócrates, não Luís Campos e Cunha. Logo, é ao líder do PS que pode ser assacada essa incoerência.
Mas, o pior de tudo, é que DD e JPH - ao contrário do que o João Pedro escreveu, os dois têm a mesma opinião - defendem que o ministro das Finanças não deve ter pensamento autónomo.
Tenho a certeza que vão ficar muito bem servidos com Fernando Teixeira dos Santos.
A lógica de DD e de JPH é perversa.
Deduzo que os dois tenham criticado José Sócrates por não ter cumprido a promessa de não subir impostos. Além de faltar à palavra dada, o argumento do líder do PS que não conhecia a real situação do deficit orçamental não colheu. Deduzo que DD e JPH não "comeram" a desculpa, precisamente porque o deficit elevado já era conhecido e também porque a a situação orçamental é complicada.
Foi em nome de um combate eficaz ao deficit orçamental que Luís Campos e Cunha defendeu um aumento da "qualidade" do investimento público, defendendo uma descida sustentada da despesa do Estado, mesmo na componente "investimento".
Não se pode críticar Sócrates por não cumprir a promessa, constatar que a situação orçamental é complicada e depois criticar Campos e Cunha porque se demite a propósito do primeiro-ministro não apoiar as suas ideias de combate ao deficit orçamental.
Luís Campos e Cunha demitiu-se porque se manteve fiel ao seu pensamento sobre as finanças públicas. Não se pode pedir às pessoas que traiam aquilo em que acreditam para não criar instabilidadde. O professor da Nova não está obrigado a cumprir as promessas eleitorais de José Sócrates. Por isso é que o primeiro-ministro é eleito e os ministros não.
No Conselho de Ministros, Luís Campos e Cunha votou contra o Programa de Investimentos em Infra-Estruturas Prioritárias. Foi derrotado. Demitiu-se.Uma acto coerente com o seu pensamento sobre as finanças públicas. Não se pode obrigar os ministros a manterem-se nos cargos quando não concordam com o caminho imposto pelo primeiro-ministro para as respectivas áreas.
O pior para nós, cidadãos eleitores, é que Luís Campos e Cunha tem razão. E não José Sócrates.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ó meu, amanhã respondo-te, ok? Um abraço do
JPH

Luís Bonifácio disse...

Campos e Cunha nunca mentiu.
Socrates é que oprometeu não aumentar os impostos. Se tivesse prometido apenas em Campanha poderiamos dar-lhe um desconto. Mas Socrates reafirmou a promessa após as Eleições, quando as coisas estavam mais calmas.
Isto não passa de um "Remake" de 2ª Classe do filme Norte-Americano realizado por Bush pai, chamado "Read my lips". È de 2ª classe pois nos Estados Unidos as coisas são sério e Bush Pai perdeu aí as hipóteses de reeleição.
Cá em Portugal apenas se faz um encolher de ombros.