Depois de ter visto o menino Alegre aos tiros no 'campo de treino', afirmando-se na linha dos bons atiradores que as suas armas familiares legaram a Portugal - pratos vi logo que sim, animais voadores, vulgo passarada (gente que nos é chegada!), depreendo, pelas suas sorridentes palavras -, apetece-me dedicar-lhe esta poesia singela de Pessoa.
O poeta é um fingidor,
finge tão completamente,
Que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda,
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração
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