quarta-feira, setembro 07, 2005

Bárbaro e democrático

O mundo não é grande demais para poder suster o grito que me vai na alma!

Apetece-me pedir a cabeça do verme que realizou a façanha, seguramente humana, de, calma e paulatinamente, agredir até à morte uma criança de 6 anos de idade, muda, e com mais problemas variados e graves.
Enfim, mais um cordeiro do actual panorama social português, moderno e crescido mas nunca desenvolvido!
Apetece-me pedir a cabeça da mãe da vítima.
Apetece-me pedir a cabeça de todos os vizinhos que, a muita da brutalidade exercida no 'cordeiro', agora barbaramente assassinado, serviram também de testemunhas, silenciosas e silenciadas por um medo profundo e cultural próprio de sociedades como a nossa, sendo por isso cúmplices e que surgem agora com expressões de 'anjos surpreendidos' pelo desenrolar do drama. Murmuravam entre si, dizem agora, que um dia haveria de acontecer uma coisa má! E aconteceu - sempre com a sua 'prestimosa' ajuda.

Apetece-me pedir a cabeça dos funcionários responsáveis dos serviços inerentes a estes casos de crianças maltratadas e que continuam a permitir estas aberrações.
Claro que me poderão dizer que nem só cá estas tragédias acontecem; mas isso é precisamente o que me arrepia - é ver portugueses a achar normal este tipo de casos, em pleno 2005.

Quando escrevo 'bárbaro e democrático' é que este crime horrendo foi cometido com a aprovação de uma maioria que conhecia o assunto. Portanto, foi um crime democrático, foi cometido pela vontade da maioria!
Sei que este não é o discurso correcto em Portugal, mas é o meu discurso.

Este país está a tornar-se campeão em crimes de índole democrática, apenas porque para viver a democracia é preciso ser-se culto. Culto, e não especialista em assuntos que só acabam por interessar a quem vive muito bem, tem os ordenados em dia ou atinge boas cifras com os lucros obtidos neste jogo pretensamente correcto que se joga diariamente em Portugal. A tudo isto assiste conivente a maior parte da Comunicação Social 'politicamente e partidariamente aceite', limitando-se a dar a notícia - seja ela qual for (a publicidade paga e o contribuinte compra).
Uma pessoa culta é uma pessoa responsável. Não me refiro a intelectuais, que também podem ser cultos. Refiro-me apenas a democratas.

Está tudo ligado.
Recuso-me a discutir este assunto baseado em comportamentos pessoais, como se estivessem fora do âmbito das ocorrências sociais: este é um crime do qual todos nós somos, hoje, mais uma vez, responsáveis.

O rei vai nu. Todos vêem e todos calam!





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