sábado, maio 14, 2005

Concessão leonina

Quarta-feira à noite. IC 19, sentido Sintra-Lisboa. Venho distraído e corto para a A5. Erro crasso. Pago à entrada 25 cêntimos para chegar a Lisboa, mas engano-me e viro para Cascais. Segundo erro que me vai custar mais 25 cêntimos na saída de Porto Salvo. Ao re-entrar na A5, agora sim, no sentido de Lisboa, sou obrigado a fazer mais um pagamento de 25 cêntimos. Ou seja, se não me tivesse enganado no caminho não teria oferecido 75 cêntimos à concessionária de auto-estradas do BCP e do Grupo Mello.
Os titulares do Ministério das Obras Públicas que negociaram o actual contrato de concessão com a Brisa deviam ser condecorados com uma medalha de lata pelo forma como não protegeram o interesse público. Só um contrato leonino como o actual permite as maiores arbitrariedades da Brisa como o acima descrito, ou, outro exemplo muito comum, fazer obras na via e obrigar o utente a pagar a portagem completa como se a qualidade do serviço continuasse a ser a mesma. Independentemente das bichas e da falta de segurança.
Isto sem falar, claro, na verdadeira galinha de ovos de ouro dos accionistas da Brisa, da Lusoponte, da Aenor, enfim, de todas as concessionárias de auto-estradas e pontes com o nome de "reequilíbrio financeiro da concessão". Um pequeno eufemismo que permitiu, por exemplo, à Aenor receber 192 milhões de euros do Estado para compensar perdas de receita imputáveis ao Estado e sobrecustos da obra de construção.
Muito iremos escrever sobre o esbanjamento de milhões e milhões de euros no sector das Obras Públicas. Com rigor e seriedade nesta área, arrisco a dizer que o problema do deficit ficava resolvido.

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