sexta-feira, maio 13, 2005

Palavra-chave: Confiança

O país anda deprimido. Há muito tempo. Demasiado, diria mesmo. A falta de confiança instalou-se na nossa comunidade. O desemprego aumenta, a economia cresce abaixo da média europeia, o monstro do deficit não pára de perseguir-nos, somos burros a matemática e mal sabemos falar a nossa própria língua, estamos cada vez mais pobres mas não deixamos de endividar-nos até à raíz dos cabelos.
Uma lástima de país, portanto. Só o sol e as praias se safam, qual ópio de um povo desgraçado. Ou melhor, só o sol se aproveita porque as praias vão desaparecendo com a subida do nível das águas do Atlântico.

Como o determinista Vasco Pulido Valente diz 365 dias por ano, “Portugal é ingovernável”.

Confesso-vos que, de vez quando, coloco algodão nos ouvidos durante o meu voo matinal para não ouvir tanto queixume.
Mas ao mesmo tempo que lamentamos existir, lá vamos trabalhando. Mal e porcamente, mas sempre trabalhamos. Ao mesmo tempo que suspiramos, lá produzimos de vez em quando alguma coisa de inovador e as nossas empresas lá se vão modernizando. Poucas é certo, mas alguma coisa sabemos fazer. Ao mesmo tempo que rosnamos de inveja da riqueza dos nossos concidadãos, lá vamos compreendendo que temos que conquistar mercados estrangeiros se quisermos crescer. Em países de terceiro mundo como, por exemplo, o Brasil dirão os deterministas, mas não deixa de ser o maior país da América do Sul com mais de 150 millhões de pessoas e um país que fala a nossa língua. Ao mesmo tempo, enfim, que amaldiçoamos a nossa cultura, mais que duplicamos a nossa riqueza nos últimos 30 anos, consolidamos uma democracia nascida num processo revolucionário muitas vezes insensato e estamos a competir com os melhores.
José Mourinho é o último caso de sucesso de um português na sua profissão a nível mundial. Não é o único. Mas Mourinho não pode deixar de ser considerado inspirador pelas suas qualidade comunicativas e pela visibilidade mediática do seu trabalho.
E ele tem a fórmula certa. Traçar metas, dar tudo por tudo pela conquista das objectivos e, acima de tudo, ter confiança nas nossas capacidades é uma fórmula capaz de assentar que nem uma luva a Portugal.
Essa é a ambição. Estar ao lado dos melhores. Ser o melhor. Eu acredito que é possível.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não podia estar mais de acordo com o meu caro amigo. Penso que na génese de qualquer movimento visivel está uma atitude interior invisivel. Confiança é efectivamente o que nos falta. Continuem o bom trabalho.