terça-feira, maio 31, 2005

Seis razões para votar “não” – parte III

Também não concordo que a União disponha de “competência para definir e executar uma política externa e de segurança comum, inclusive para definir gradualmente uma política comum de defesa”, sendo que no Artigo I-16 se admite pela primeira vez que a “definição gradual de uma política comum de defesa poderá conduzir a uma defesa comum”.
É mais um passo no caminho do federalismo. Exércitos que há pouco mais de 50 anos atrás estiveram em campos opostos na II Grande Guerra poderão ficar reunidos num só. O resultado só pode ser catastrófico.
A NATO tem sido um instrumento eficaz na manutenção da paz na Europa. A aliança Estados Unidos/Europa é o caminho que deve ser seguido. A confrontação com os norte-americanos desejada pela França e pela Alemanha é uma perda de energia e de forças.
Já agora. Um problema prático: como é que o tal Exército Europeu se comportaria na questão iraquiana? Metade ia com os americanos, enquanto a outra ficava em casa?
A criação de uma política comum externa e de defesa só levará à alienação da restante soberania que os Estados pequenos como Portugal ainda detêm, visto que a mesma seria sempre definida pelos interesses da França, Alemanha, Grã-Bretanha e Espanha. Portugal nem sempre tem os mesmos interesses que estes Estados.
Logo, não concordo com a criação do cargo de Presidente do Conselho Europeu nem do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros da União. Quer um, quer outro, apontam no caminho do tão desejado quanto errado Governo da Europa.
Como os resultados dos referendos europeus demonstram, os povos europeus não estão preparados para tal órgão, por muito que os iluminados neo-federalistas insistam. A vitória do "não" em França, assim como o "não" dos irlandeses ao Tratado de Nice e do "não" dos dinamarqueses ao Tratado de Maastricht é ignorada pela classe política europeia que insiste em caminhar para o abismo. Será que esse é o único caminho admitido? Não, não pode ser.

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