
Após os laivos de esperança que alimentam movimentos perdidos, mais uma vez me encontro só. Desperto, irrequieto no meu leito. Movido por um impulso inconsciente do desejo, procuro o calor, a seda da pele, as curvas magistrais de um corpo que não encontro. Passadas as lágrimas, conquisto a coragem de me permitir novamente sonhar. Percorro esse manto negro e estrelado, movido por um fogo que alimenta a esperança. E mais uma vez regresso, só.
Olhos? Muitos, cheios de brilhos e promessas. São distâncias medidas, nada mais. Promessas de olhares que não cumprem. Nos lençóis vazios morro mais uma noite à espera de renascer no dia seguinte. Um calor perdido na memória, que já não existe, vive apenas nesse fantasma que habita os meus sonhos acordado. Deitada a meu lado, tento tocá-la e sinto o vazio, o frio de um lugar há muito desocupado. Novos calores, novos olhares, novos sabores, tudo mentira, triste ilusão. Desejo traído. Mais uma noite, só. Perdido o sentido, vagueio no espaço da memória tentando fugir da realidade inglória. Qual dói mais? Já não sei.
Príncipe encantado, castelo elevado, coche dourado, leão amestrado… E no entanto só, deitado, no calor apagado, com o olhar desfocado da água que corre impelida pela dor do vazio. A dor do frio, o olhar pousado em quem não vejo, a esperança que se esvai. O medo que me trai. Como rosas mortas que mais não fazem senão lembrar apenas a beleza de uma vida outrora alegre e viçosa que já não o é. Assim são as memórias e as esperanças de quem está só!
2 comentários:
Como eu te entendo...
Tudo existe, como sempre existiu, mas já nada é colorido.
Nem todo o poder, nem toda a riqueza que um homem possa ter se comparam a essa tão boa sensação de calor.
Parece que os dias são todos iguais e que não há um objectivo senão o material. Tudo são desculpas, ilusões criadas para evitar sentir a falta.
Como eu te entendo...
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