terça-feira, maio 31, 2005

Seis razões para votar “não” – parte IV

Artigo I-46º Princípio da democracia representativa

Concordo que “o funcionamento da União” se basei “na democracia representativa”. O problema é que o principal órgão da União, a Comissão Europeia, não respeita esse princípio. Sendo o órgão legislativo e executivo por excelência da União, a Comissão não é eleita e é muito pouco fiscalizada – por muito que os poderes do Parlamento sejam reforçados com esta Constituição.
Pior. Este Tratado Constitucional diz ainda que “todos os cidadãos têm o direito de participar na vida democrática da União. As decisões são tomadas de forma tão aberta e tão próxima dos cidadãos quanto possível”. É pena que a classe política europeia escreva este belo principio, mas não o pratique.
Se quisessem realmente dar legitimidade democrática à União Europeia, este Tratado Constitucional teria sido votado pelos diferentes povos europeus no mesmo dia e de acordo com os diferentes fusos horários. Isso sim é que seria apostar na legitimidade democrática da Europa.
E porque não o fizeram? Sabes porquê, David? Por medo. Simplesmente, por medo do resultado.
Esta é a Europa que temos. A Europa que tem medo da democracia. A Europa dos iluminados e das vanguardas de outrora que agora vestem outras roupas e outras cores. Será que a Europa não aprendeu nada?

Seis razões para votar “não” – parte III

Também não concordo que a União disponha de “competência para definir e executar uma política externa e de segurança comum, inclusive para definir gradualmente uma política comum de defesa”, sendo que no Artigo I-16 se admite pela primeira vez que a “definição gradual de uma política comum de defesa poderá conduzir a uma defesa comum”.
É mais um passo no caminho do federalismo. Exércitos que há pouco mais de 50 anos atrás estiveram em campos opostos na II Grande Guerra poderão ficar reunidos num só. O resultado só pode ser catastrófico.
A NATO tem sido um instrumento eficaz na manutenção da paz na Europa. A aliança Estados Unidos/Europa é o caminho que deve ser seguido. A confrontação com os norte-americanos desejada pela França e pela Alemanha é uma perda de energia e de forças.
Já agora. Um problema prático: como é que o tal Exército Europeu se comportaria na questão iraquiana? Metade ia com os americanos, enquanto a outra ficava em casa?
A criação de uma política comum externa e de defesa só levará à alienação da restante soberania que os Estados pequenos como Portugal ainda detêm, visto que a mesma seria sempre definida pelos interesses da França, Alemanha, Grã-Bretanha e Espanha. Portugal nem sempre tem os mesmos interesses que estes Estados.
Logo, não concordo com a criação do cargo de Presidente do Conselho Europeu nem do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros da União. Quer um, quer outro, apontam no caminho do tão desejado quanto errado Governo da Europa.
Como os resultados dos referendos europeus demonstram, os povos europeus não estão preparados para tal órgão, por muito que os iluminados neo-federalistas insistam. A vitória do "não" em França, assim como o "não" dos irlandeses ao Tratado de Nice e do "não" dos dinamarqueses ao Tratado de Maastricht é ignorada pela classe política europeia que insiste em caminhar para o abismo. Será que esse é o único caminho admitido? Não, não pode ser.

Seis razões para votar “não” – parte II

Art . I – 10 º Cidadania Europeia

Sendo contra a criação de um Estado chamado “União Europeia”, não posso ser favor da cidadania europeia.
Salvo erro, a cidadania europeia foi criada com o Tratado de Maastricht de 1992. No Tratado Constitucional, a “cidadania da União acresce à cidadania nacional, não a substituindo”. Mesmo assim, dispenso a presença da bandeira de 12 estrelas no meu passaporte.
Para mim “europeu” é um conceito geográfico. Não é um conceito cultural ou político. A frase “sou europeu” ajuda as pessoas do resto do mundo com quem comunico a localizarem geograficamente o meu país, Portugal. “Europa” é um continente. Não é nem pode ser um Estado.
O que me define culturalmente e politicamente é Portugal, não a Europa. Logo, sou um cidadão português e não um cidadão europeu.


Art. I – 12º Categorias de competências

Não concordo que “a União possa ter a competência exclusiva em determinado dominio” e que nesses “só a União pode legislar e adoptar actos juridicamente vinculativos”. O Estado português deve salvaguardar os seus interesses e dizer “não” quando os mesmo não são defendidos pelas instâncias comunitárias.
Com o fim do direito de veto nas decisões do Conselho Europeu, os portugueses ficarão 100 por cento dependentes duma instância não democrática como é a Comissão Europeia – para a qual nunca elegeram ninguém – em matérias tão importantes como as que tenham que ver com as regras de concorrência do “mercado interno” – sendo que “mercado interno” significa mercado europeu – e a conservação dos recursos biológicos do mar, no âmbito da política comum das pescas. Neste último caso, perderemos toda e qualquer soberania sobre as nossas águas territoriais.

Seis razões para votar “não” – parte I

Ainda só li 53 artigos do “Tratado Que Estabelece Uma Constituição Para A Europa”, mas já encontrei seis artigos dos quais discordo totalmente:

Art . I – 6º - O Direito da Uniao

Ao estabelecer em letra de lei que o direito da União Europeia (UE) se sobrepõe sobre o direito dos Estados-Membros, o Tratado Constitucional estabelece formalmente o federalismo. Vão passar a existir leis europeias, leis-quadro europeias, regulamentos europeus, as decisões europeias, as recomendações e os pareceres.
Sou soberanista e defendo que Portugal não pode permitir que leis de outros Estados ou entidades a que pertença se sobreponham de forma total ou parcial ao enquadramento jurídico definido pelos cidadãos portugueses.

Art. I – 7º - Personalidade Jurídica

Ao darem à União Europeia personalidade jurídica, os povos europeus permitem que a UE possa vincular os Estados-Membros, sem que os respectivos povos tenham sido ouvidos. Como a história da Europa é disso exemplo, os Estados europeus têm muitas vezes interesses conflituosos no plano político, económico, cultural e diplomático.
Só um exemplo. Basta analisar a questão iraquiana para constatarmos que os diferentes interesses económicos da França, da Alemanha e da Grã-Bretanha fizeram com que os dois primeiros países estivessem contra o último na invasão do Iraque. Este exemplo repetir-se-á mais vezes no futuro. Não ver isso, é acreditar em utopias e ignorar a história dos diferentes Estados Europeus. Desejar e defender a paz na Europa não significa apagar os conflitos que sempre caracterizaram o Velho Continente.

segunda-feira, maio 30, 2005

Thank you

Ainda só temos pouco menos que um mês, mas já tivemos a honra de ver a verdadeira bomba da blogosfera a colocar-nos em destaque. É certo que tivemos que partilhar com a abóbora, mas não faz mal. A BD do pirlito continua a render e a fazer sucesso no público feminino de classe A. Afinal, aquele que verdadeiramente interessa.

domingo, maio 29, 2005

Só!



Após os laivos de esperança que alimentam movimentos perdidos, mais uma vez me encontro só. Desperto, irrequieto no meu leito. Movido por um impulso inconsciente do desejo, procuro o calor, a seda da pele, as curvas magistrais de um corpo que não encontro. Passadas as lágrimas, conquisto a coragem de me permitir novamente sonhar. Percorro esse manto negro e estrelado, movido por um fogo que alimenta a esperança. E mais uma vez regresso, só.
Olhos? Muitos, cheios de brilhos e promessas. São distâncias medidas, nada mais. Promessas de olhares que não cumprem. Nos lençóis vazios morro mais uma noite à espera de renascer no dia seguinte. Um calor perdido na memória, que já não existe, vive apenas nesse fantasma que habita os meus sonhos acordado. Deitada a meu lado, tento tocá-la e sinto o vazio, o frio de um lugar há muito desocupado. Novos calores, novos olhares, novos sabores, tudo mentira, triste ilusão. Desejo traído. Mais uma noite, só. Perdido o sentido, vagueio no espaço da memória tentando fugir da realidade inglória. Qual dói mais? Já não sei.
Príncipe encantado, castelo elevado, coche dourado, leão amestrado… E no entanto só, deitado, no calor apagado, com o olhar desfocado da água que corre impelida pela dor do vazio. A dor do frio, o olhar pousado em quem não vejo, a esperança que se esvai. O medo que me trai. Como rosas mortas que mais não fazem senão lembrar apenas a beleza de uma vida outrora alegre e viçosa que já não o é. Assim são as memórias e as esperanças de quem está só!

sábado, maio 28, 2005

Para os Fãs: A Não Perder!



Fui ontem. Um pouco tarde, eu sei, para fã especialmente. E depois? O que é que interessa? A idade e a pachorra já não me permitem o histerismo grupie de criança e nunca fui propriamente um nurd.

Finalmente um Star Wars que faz vibrar quem gosta de Star Wars, que é de outra geração em que não havia CGI (Computer Generated Images), não havia personagens da Disney metidos na história para agradar às criancinhas, não havia a linha de separação dura e altamente perceptível entre as duas vertentes do filme, que são a vida e percurso de Anakin Skywalker e tudo o resto. A primeira trilogia tinha o mérito de um cinema perdido, em que tanto o óbvio como o lamechas pareciam não ter lugar. A concorrência era forte no final dos anos setenta e os géneros em voga tinham na violência um pilar fundamental.

Mas enfim, depois de dois enormes baldes de água fria, coloridos e patéticos, com CGI a transbordar a retina, plots melosos e personagens insuportáveis, eis que a chegada do império do mal traz consigo o que o cinema sci-fi tem de melhor. Acção encadeada e pouco tempo para respirar, uma evolução notável ao nível dos CGI, agora imperceptíveis na maior parte dos casos, uma realização mais inspirada, conceitos mais profundos, pouca lamecha ou quase nenhuma, um cenário político muito bem conseguido e de características universais e acima de tudo, as tão aguardadas respostas, que emocionarão qualquer um que como eu, em pequenino, um dia viu a sua vida mudar para sempre com uns tipos de há muito tempo atrás, que noutra galáxia, se digladiavam com sabres de luz, lutando para conquistar o monopólio de uma tal Força!

sexta-feira, maio 27, 2005

E observo...

O sufrágio universal, a mais monstruosa e a mais iníqua das tiranias, pois a força do número é a mais brutal das forças, não tendo ao seu lado nem a audácia, nem o talento.

Fonte: 'Le Disciple'
Autor: Bourget, P.

Puta Que Pariu Este País e os Seus Governantes da Merda!



Chegou aquele momento é que só me apetece dizer: Vão todos pró ca***ho!

O que é que querem afinal? Gestão incompetente atrás de gestão incompetente, atiram as culpas de uns para os outros e quem acaba sempre por pagar a bela trampa que eles fazem somos nós? Mas afinal querem o quê? Brincam à política como se Portugal fosse o Sim-City e não se lembram que a malta é de carne e osso? O que vem a ser isto? Limpam-nos o couro (não a todos claro, os amigos dos biliões que os mantêm “lá em cima” esses são poupados de toda a mesma trampa), tomam as medidas que lhes apetece e que curiosamente não os atingem a eles e pedem mais um esforço… Puta que pariu o esforço! Esforço andamos nós todos a fazer há anos, meus amigos governantes, HÁ ANOS!

Lembro apenas que Espanha é já aqui ao lado e um dia eles correm o risco de acordar e não haver mais ninguém a quem chupar os tostões que apaziguam a Europa. E claro, como os amigos dos biliões não são para chatear com essas coisas, ficam calados a pensar que povo será mais burro que o nosso, que se pudesse assim importar para cá e continuar o jogo do “vamos brincar às republicas”. Mas a democracia portuguesa é o quê afinal? Não se trata, nunca se tratou e pelos vistos nunca se tratará de um sistema político em que um grupo de trabalho que lidera uma nação a trata e gere como algo de que se gosta e se quer fazer crescer, tornar mais forte e belo! Não.

É a forma encontrada para uns tipos cor-de-rosa mostrarem o quanto são mais ratos que os cor-de-laranja e muito mais espertos que uns azuis, mas esses dão grande baile demagógico nos tais rosa que estudam bem a lição especialmente quando têm de apaziguar os azedumes de uns decadentes e desbotados vermelhos, que ao perder a cor se vão tornando rosa… Depois há uns que cada vez têm uma cor mais indefinida e o seu relevo nestas mostras de quem “dá mais baile" ao outro, será evidenciada mais pelo cheiro que pela cor! E ninguém repara nisto? Mas será possível que aqueles palhaços passam os dias a discutir uns com os outros, não os problemas, não as soluções mas uns contra os outros, a mandar para a mesa medidas que nos afectam a NÓS, resultado de umas teorias de gabinete, e a malta não faz nada…

Os responsáveis por estas coisas dos défices e afins deviam ser decapitados em praça pública. Ao menos começavam a pensar duas vezes antes de perder a cabeça!

Princípio!

Sempre na dúvida, sublime acompanhante de passageiros sofredores da moléstia mais inócua - a amnésia - , observo à minha volta o dia inevitavelmente espreguiçado, inspiro profundamente, e volto a tentar colocar a questão: o que é isto?

quarta-feira, maio 25, 2005

Como os portugueses nao percebem o défice

No "Vox Populi" do Público na edição de 24 de Maio, cinco cidadãos anónimos responderam da seguinte forma à pergunta "quais as medidas que o Governo deve tomar para fazer face ao défice?" :

Francisco Galapito, formador, 34 anos - "Os grupos e as empresas que têm mais posses deviam pagar mais. Uma espécie de cooperação, mas em questões de dinheiro é díficil ser-se genuinamente solidário"

Elisabete Martins, funcionário do metro, 33 anos - "Um maior controlo dos impostos e do fundo de desemprego. Estive a receber durante seis meses subsídio quando já estava a trabalhar. Foi preciso avisar três vezes para que o cortassem"

Fernando Costa, motorista, 51 anos - "Baixar os preços das coisas para que as pessoas tenham um maior poder de compra"

Ana Branco, estudante, 24 anos - "Há demasiadas despesas que deviam ser cortadas. Cortes na função pública e maior controlo do fisco"

Este é só um pequeno exemplo - com destaque para o sr. Costa e com a excepção da última entrevistada - de como a pedagogia requerida por Vitor Constâncio terá que ser verdadeira, incisiva, clara, simples e eficaz para que todos os portugueses percebam o que está em causa com o eterno e persistente défice orçamental do Estado Orçamental. E para que o Executivo de José Sócrates tome as medidas difíceis e traumáticas que se impõem.

terça-feira, maio 24, 2005

Lindo

É sempre bonito quando a esquerda apela à memória e recorda as asneiras dos Governos socialistas. É bonito, sim senhor!

Boa Conversa na Travessa

Gostei do blogues destas senhoras. Bem bom e capaz de fazer frente aos referenciais Bomba Inteligente, Rititi e Xanel Cinco.

segunda-feira, maio 23, 2005

O Estado das Coisas.



Não posto nada desde a tarde em que as minhas Ninfas da Luz me concederam o prazer e a alegria de aniquilar o Sporting, com um seco! Depois foi vê-los afundar-se com o CSKA e finalmente desaparecer do mapa futebolístico 2004/2005. Energias totalmente concentradas em nós e… Pimba! Já cá canta o campeonato! Só falta a taça!

De repente, quem vier a este blog, até pode pensar que sou um grande adepto dessa coisa que é o futebol. Não sou. A minha vida não gira em torno do esférico, nem nada que se pareça, mas há momentos em que nada sabe melhor do que festejar a vitória do mais carismático clube de futebol do mundo, que por acaso é o meu! Pelo meio de tudo isto, vão-se ouvindo os rumores e assistindo a esta série de comédia genial chamada planeta Terra (esse outro esférico de relevo), em que o meu personagem favorito é um tipo irreal, chamado Portugal.

Resumo dos últimos episódios:

Sobreiros, 7%, desemprego, a data, a água que não choveu, limpa a água do capote, diz que disse mas não fez, mete portagem, sobe o imposto, tira a portagem, entra na quinta, vai à festa, vai ao concerto, compra já, venda-se tudo, sai da quinta, festival da canção, vai para a Ucrânia, maroscas de leste, vai ao blog, junta-te a nós, vem da Ucrânia, gasta mais, poupa menos, Benfica, Benfica, sobe e desce, tenta comer, ela não deixa, apanha sol, vai mais uma bebedeira, cuidado com as criancinhas, olha a câmara que foge, porrada no Porto, policia de choque, mau perder, vai para o Marquês, afinal era no estádio, o espírito que é tudo menos santo, o petróleo a descer, mais uns gajos a morrer, a bolsa em alta, o Marques e o Isaltino, o Ivo coitadinho, tão artistas que nós somos, devagar devagarinho, somos mesmo geniais, quem dá mais, quem dá mais…

domingo, maio 22, 2005

O Benfica é campeão e Sócrates agradece

Com 6 milhões de portugueses campeões a economia vai começar a crescer. José Sócrates pode deixar de pensar no deficit orçamental e começar a organizar a condecoração do distinto presidente benfiquista Luís Filipe Vieira e do benemerente sócio José Guilherme. Se tiver problemas nos contactos telefónicos, peça os respectivos números aos camaradas Armando Vara e Jorge Coelho.

sábado, maio 21, 2005

Pre-reserva!

Estou a chegar!
Já sei o caminho.
Extasiado com o movimento da passarada.
A próxima semana: a não perder!
Quem não sabe ouvir a voz dos pássaros não sabe ouvir o mundo nem a si se sabe ver.

Agradecimento e Elogio

Com a devida humildade, agradecemos os elogios tão diversificados do "Mau Tempo no Canil", da "Grande Loja do Queijo Limiano", da "Loja dos 300" e do "Acidental" - todos com links aqui ao lado. E todos eles blogues que me habituei a visitar e a respeitar.
Uma palavra especial para o "Insubmisso". Primeiro, para agradecer as palavras e o incentivo do David e do António. Depois, para concordar com o Mira: obviamente que a amizade perdurará. Aliás, como eu e o meu amigo DD combinamos, muitos (bons) despiques ocorrerão entre nós dois tendo o Tratado Europeu como pano de fundo. Estou só à espera da primeira oportunidade para abrir as "hostilidades".
"O Insubmisso" foi o meu primeiro blogue com muito orgulho. Continuarei a visitá-lo e a recomendá-lo porque o DD, o Mira, a MJB e o silencioso, ausente e preguiçoso BP são bloguers por quem tenho grande consideração.

See you next monday

Semana agitada deixou pouco tempo para postar. A partir da próxima segunda-feira será diferente.
Palavra de Milhafre.

quinta-feira, maio 19, 2005

Cavaco vs Constâncio

O camarada JPH nem imagina como poderá estar a acertar na mouche. Tendo em conta a "pedagogia" de Vítor Constâncio e o "apoio", a palavra é minha, do governador do Banco de Portugal ao ministro das Finanças Luís Campos e Cunha, ainda vamos assistir a um confronto de economistas na corrida para Belém. Seria um bom prémio para a ajuda e aulas de Constâncio.
Irónico seria o ex-lider do PS ganhar as eleições. Como lideraria ele com o fantasma de Mário Soares? No Largo do Rato nao correu nada bem. Lembram-se?

quarta-feira, maio 18, 2005

Um bom sítio

Passou despercebido. Pelo menos, nos blogues que costumo visitar.
José Pacheco Pereira (JPP) abriun hoje um novo blogue chamado "Sítio do Não". JPP prentende organizar os opositores ao Tratado Constitucional Europeu.
Os federalistas de serviço, os únicos europeus verdadeiramente europeístas, correram a declamar as atordoadas do costume.
Pela primeira vez, concordo com JPP.
Muito pretendo escrever a favor do "não" até ao referendo em Portugal - no qual, diga-se de passagem, continuo a não acreditar que se venha a realizar. Pago para ver.

terça-feira, maio 17, 2005

Procura-se

Confesso que tenho muita curiosidade em ver como o senhor Presidente da República vai descalçar a bota do "há mais vida para além do deficit". Depois de ultrapassar os sete por cento, Jorge Sampaio já considerará o saneamento das contas públicas como fundamental para a nossa economia? Parece-me que sim.
Também Vítor Constâncio deverá explicar porque razão diz agora que o combate ao deficit , não "implicará uma nova recessão", quando antes não fez tal "pedagogia". O facto do principal argumento do PS na oposição ter sido precisamente esse que impediu Constâncio de ser tão afirmativo na defesa dos cortes das despesas públicas?
O Partido Socialista tem neste maioria absoluta no Parlamento, lidera o Governo, tem um militante como Presidente da República e outro como, pedagogo, perdão, governador do Banco de Portugal e arrisca-se a ficar com a maioria das câmaras, fruto de uma política governativa eleitoralista.
Contra-Poder precisa-se. Urgentemente.

Estilo

Os pássaros já têm seguidores caninos

O que vale Sócrates?

O estado de graça do Governo de José Sócrates está a terminar. A razão é simples: a "crise orçamental do Estado", segundo palavras de Vítor Constâncio. Com um deficit a ultrapassar os sete por cento, o primeiro-ministro socialista vai ser confrontado com uma inevitabilidade eternamente adiada: a redução drástica das despesas do Estado.
A esquerda pode inventar o que quiser, que não há forma de fugir. José Sócrates pode aumentar os impostos indirectos, pode conseguir uma maior flexibilização no cumprimento do Pacto de Estabilidade, pode apostar num combate mais incisivo à evasão fiscal, pode fazer isso tudo; mas sem reduzir as despesas correntes do Estado não irá a lado nenhum.
Para mim, sinceramente, pouco serve argumentar com os erros dos outros - e Sócrates prometeu que não o faria. Os Governos de Cavaco Silva não reduziram os quadros da Função Pública como deviam. António Guterres "conquistou" para os mesmos quadros mais de 200 mil avençados e trabalhadores independentes e aumentou as despesas de investimento social para um nível incomportável. E Durão Barroso não deu o apoio político devido a Ferreira Leite para cortar na despesa primária do Estado. Santana Lopes, como indigente político, não merece mais comentários.
Todos têm culpa.
José Sócrates vai ter romper com o espírito da sua campanha eleitoral: o fim da obsessão do deficit e o aumento do investimento público. E, por arrasto, aumentar os impostos e introduzir portagens nas SCUT´S, por exemplo, quebrando duas promessas eleitorais. Mas, o problema, é que isso não chega.
O Estado não tem dinheiro para tudo. Não tem dinheiro para pagar a mais de 700 mil funcionários públicos e construir hospitais, escolas, tribunais, não tem dinheiro para pagar ao concessionários das SCUT´S e construir a OTA, o TGV ou o Metro do Sul do Tejo, não tem dinheiro para manter o Rendimento Minimo Garantido e continuar a pagar subsídio de desemprego, subsidio de doença, subsidio de maternidade, subsidio por isto e por aquilo a quem não precisa; enfim, o Estado português está na bancarrota porque não tem dinheiro para fazer face às suas despesas. Em nome da competitividade da nossa economia, o Estado tem que resolver o problema do seu deficit. Os socialistas não podem fugir a esta realidade incontornável, por muito que lhes custe dar razão a Manuel Ferreira Leite.
Se quiser contribuir para o desenvolvimento de Portugal, José Sócrates sabe que vai ter que romper com as forças conservadoras dos sindicatos e dos funcionários públicos que existem no PS. Se quiser modernizar Portugal, Sócrates vai ter que reduzir o quadro da Função Pública, vai ter que cortar no investimento das chamadas políticas sociais, vai ter que reduzir os benefícios sociais e fiscais, enfim, vai ter que governar, fazer opções e, consequentemente, arranjar adversários internos.
E se realmente quiser ficar na história, vai ter que mexer no sistema da segurança social, reformando a sério e tirando o sistema da falência. Mas para isso talvez precise de outro ministro.
Agora vamos ver o que vale José Sócrates. Se for pelo mesmo caminho de António Guterres e Durão Barroso, não valerá muito.

segunda-feira, maio 16, 2005

Cartaz-Asneira, parte II

Os marketeiros de Edson Athayde contratados por Manuel Maria Carrilho devem andar muito confusos. Depois de trocarem a colina do Castelo de S.Jorge com o Bairro Alto, resolveram agora disputar o eleitorado com a extrema-direita do Partido Nacional Renovador.
Explicando. O novo cartaz da candidatura de Carrilho à Câmara de Lisboa mostra um candidato sorridente, uma promessa de "projecto com princípio, meio e fim" e a... Ponte 25 de Abril como pano de fundo. Dá-se só o pequeno pormenor da antiga Ponte Salazar ter sido planificada e concretizada durante o Estado Novo. A democracia introduziu o comboio - já previsto aquando da construção da ponte.
Bem vistas as coisas, a ideia não é má. Muitos dos espaços verdadeiramente planificados e devidamente organizados - como Alvalade, a Alameda das Universidades, o Alto do Parque Eduardo VII, o Bairro Azul, etc - foram construídos na primeira metade da ditadura.
A ala esquerda do PS é que não deve achar muita piada a este fascinio de Manuel Maria Carrilho pelos projectos do salazarismo.

sábado, maio 14, 2005

Ninfas da Luz!



Estas sãos as minhas Benfiquetes. Quais ninfas do Tejo que inspiravam Camões, estas meninas são o seu equivalente contemporâneo e futebolístico! Que nos protejam de todo o mal verde e inspirem os nossos homens, conduzindo-os à vitória, esmagando gloriosamente o inimigo!
A mim, resta-me encher os pulmões e gritar com todas as forças:

BENFIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIICAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Concessão leonina

Quarta-feira à noite. IC 19, sentido Sintra-Lisboa. Venho distraído e corto para a A5. Erro crasso. Pago à entrada 25 cêntimos para chegar a Lisboa, mas engano-me e viro para Cascais. Segundo erro que me vai custar mais 25 cêntimos na saída de Porto Salvo. Ao re-entrar na A5, agora sim, no sentido de Lisboa, sou obrigado a fazer mais um pagamento de 25 cêntimos. Ou seja, se não me tivesse enganado no caminho não teria oferecido 75 cêntimos à concessionária de auto-estradas do BCP e do Grupo Mello.
Os titulares do Ministério das Obras Públicas que negociaram o actual contrato de concessão com a Brisa deviam ser condecorados com uma medalha de lata pelo forma como não protegeram o interesse público. Só um contrato leonino como o actual permite as maiores arbitrariedades da Brisa como o acima descrito, ou, outro exemplo muito comum, fazer obras na via e obrigar o utente a pagar a portagem completa como se a qualidade do serviço continuasse a ser a mesma. Independentemente das bichas e da falta de segurança.
Isto sem falar, claro, na verdadeira galinha de ovos de ouro dos accionistas da Brisa, da Lusoponte, da Aenor, enfim, de todas as concessionárias de auto-estradas e pontes com o nome de "reequilíbrio financeiro da concessão". Um pequeno eufemismo que permitiu, por exemplo, à Aenor receber 192 milhões de euros do Estado para compensar perdas de receita imputáveis ao Estado e sobrecustos da obra de construção.
Muito iremos escrever sobre o esbanjamento de milhões e milhões de euros no sector das Obras Públicas. Com rigor e seriedade nesta área, arrisco a dizer que o problema do deficit ficava resolvido.

sexta-feira, maio 13, 2005

Vai Uma Partidinha De Golf?


Fotografia gentilmente cedida pelo seu autor - Pedro Gilberto

Observem atentamente a fotografia! Agora tirem as árvores, ponham um relvado e façam dezoito buracos. Que tal? Viram? É muito fácil acabar em três tempos com uma das mais belas paisagens do nosso país e substitui-la por um incaracterístico e supostamente rentável campo de golf. Mas e o que é que isso importa?

Só alguns saberão que o sobreiro é única quercínea produtora de cortiça da região mediterrânea. Mais, Portugal, embora sendo um país de área reduzida, produz mais cortiça e de melhor qualidade que todo o resto do mundo. É incrível pensar nisto, não é? Que um país miserável como o nosso, continua a ser o maior produtor mundial de qualquer coisa. Espantoso! Agora pergunto eu, quantas pessoas sabem disto? Quase ninguém. E porquê? Porque o interesse sobre esta matéria por parte dos media é… Zero! Logo, a informação e o interesse da população nacional sobre o assunto é igualmente nula.

Deixará provavelmente de o ser nos próximos tempos, pois a mediatização que se adivinha devido à investigação levada a cabo pelo Ministério Público, sobre alegadas práticas de corrupção e tráfico de influências na aprovação de um empreendimento de uma empresa do Grupo Espírito Santo (GES), na herdade Vargem Fresca, em Benavente e a relação desta decisão com um alegado financiamento da campanha eleitoral do CDS/PP, certamente trarão o assunto cortiça/sobreiros à luz do farol mediático e finalmente (embora pela pior das razões) o montado nacional e tudo o que o mesmo representa sairá do anonimato.

Para mim a questão é muito simples. Transformem já todo o Alentejo e o Ribatejo (Benavente por exemplo) num enorme campo de golf. Acabem de betonar o Algarve. Construam mais cento e cinquenta mega shoppings pelo país fora e coloque-se algures uma enorme placa, visível a dez mil metros de altitude, que diga: VENDE-SE. É mais fácil, mais óbvio e mais honesto do que fazê-lo como está a ser feito, devagar e em lume brando. Temo apenas que os descendentes de todos os responsáveis desta venda ao desbarato do nosso país e de tudo o que o caracteriza, mais tarde se vejam obrigados a vender o próprio cu àqueles que agora nos compram o chão, porque um dia destes não vamos ter mais chão para vender!

Diz o roto...

Ouvi Francisco Louçã no último Congresso do Bloco de Esquerda dizer que quer “enterrar a demagogia”. Será que o homem quer ir para debaixo da terra?

... ao nú

Outro momento caricato do Congresso do Bloco aconteceu quando um jornalista do “Público” pediu à pop-star Daniel Oliveira um auto-retrato ideológico. “Não sou marxista” e “sou anti-capitalista”, escolheu o bloquista. Será que o Bloco quer abolir o dinheiro e já criou uma forma alternativa de pagamento sem dizer nada a ninguém? As massas esperam ansiosamente pela nova revelação do oliveirinha da extrema-esquerda e exigem que os lucros do livro “Barnabé” sejam doados aos cidadãos do mundo. Porque não distribuir todos os cêntimos gerados pela obra dos anti-capitalistas na Baixa de Lisboa?

Palavra-chave: Confiança

O país anda deprimido. Há muito tempo. Demasiado, diria mesmo. A falta de confiança instalou-se na nossa comunidade. O desemprego aumenta, a economia cresce abaixo da média europeia, o monstro do deficit não pára de perseguir-nos, somos burros a matemática e mal sabemos falar a nossa própria língua, estamos cada vez mais pobres mas não deixamos de endividar-nos até à raíz dos cabelos.
Uma lástima de país, portanto. Só o sol e as praias se safam, qual ópio de um povo desgraçado. Ou melhor, só o sol se aproveita porque as praias vão desaparecendo com a subida do nível das águas do Atlântico.

Como o determinista Vasco Pulido Valente diz 365 dias por ano, “Portugal é ingovernável”.

Confesso-vos que, de vez quando, coloco algodão nos ouvidos durante o meu voo matinal para não ouvir tanto queixume.
Mas ao mesmo tempo que lamentamos existir, lá vamos trabalhando. Mal e porcamente, mas sempre trabalhamos. Ao mesmo tempo que suspiramos, lá produzimos de vez em quando alguma coisa de inovador e as nossas empresas lá se vão modernizando. Poucas é certo, mas alguma coisa sabemos fazer. Ao mesmo tempo que rosnamos de inveja da riqueza dos nossos concidadãos, lá vamos compreendendo que temos que conquistar mercados estrangeiros se quisermos crescer. Em países de terceiro mundo como, por exemplo, o Brasil dirão os deterministas, mas não deixa de ser o maior país da América do Sul com mais de 150 millhões de pessoas e um país que fala a nossa língua. Ao mesmo tempo, enfim, que amaldiçoamos a nossa cultura, mais que duplicamos a nossa riqueza nos últimos 30 anos, consolidamos uma democracia nascida num processo revolucionário muitas vezes insensato e estamos a competir com os melhores.
José Mourinho é o último caso de sucesso de um português na sua profissão a nível mundial. Não é o único. Mas Mourinho não pode deixar de ser considerado inspirador pelas suas qualidade comunicativas e pela visibilidade mediática do seu trabalho.
E ele tem a fórmula certa. Traçar metas, dar tudo por tudo pela conquista das objectivos e, acima de tudo, ter confiança nas nossas capacidades é uma fórmula capaz de assentar que nem uma luva a Portugal.
Essa é a ambição. Estar ao lado dos melhores. Ser o melhor. Eu acredito que é possível.

quarta-feira, maio 11, 2005

Cheguei, Vi e Ataquei!

Sobrevoava o mundo. Insatisfeito e enfadado rodopiava pelos céus, sem um rumo nem uma casua que me fizessem sentir a nobreza de uma existência feliz. Eis que finalmente encontrei uma razão válida para a minha missão de Corvo, ou melhor e porque prefiro o meu original nome em latim, Corvus Corax. Foi neste ninho de vários pássaros que decidi pousar e passar a reflectir, onde, como e com que intensidade vou desferir o meu próximo ataque. Mas não se preocupem, no fundo sou apenas um simpático que se deixa atrair pelo brilho das coisas belas e que odeia ser maltratado!