segunda-feira, junho 20, 2005

Custos e proveitos

O DD toca desassombradamente num ponto sensível para os federalistas. Desde sempre que ouvi das bocas daqueles que defendem um aprofundamento até ao infinito da União Política que Portugal só tinha a ganhar fazendo parte da "Europa", o mesmo não se aplicando a esta gloriosa entidade face ao nosso pequeno rectângulo. Fico contente por ouvir, ou melhor, ler pela primeira vez um dos federalistas mais radicais que eu conheço a recordar o que a Alemanha e a França - entre outros, presumo - ganharam com a presença de Portugal na União Europeia.

O que é que ganharam? Ganharam um mercado de cerca de 10 milhões de criaturas ávidas de consumo, com um Estado gerido e habitado por algumas mentes provincianas que se julgam mais europeias, logo mais civilizadas, por abrirmos as portas a tudo o que não é nacional, esquecendo que a França e a Alemanha, além da Espanha, são os países mais proteccionistas da Europa; ofereceram milhares de milhões euros para melhorarmos as nossas infra-estruturas, de forma a que os seus produtos cheguem mais depressas ao respectivos destinatários nacionais; deram milhares de milhões para gastarmos em formação - ignorando o respectivo desperdício - de forma a que os nossos trabalhadores estejam preparados para trabalhar nas fábricas por si detidas em território português; enfim, pagaram muito para que o nosso mercado abrisse totalmente as portas, reestruturando totalmente a nossa balança comercial e colocando a Alemanha como nosso principal cliente e fornecedor .

Esta é a verdade nua e crua do "sonho europeu". A Alemanha e a França que são os maiores "contribuintes" do Orçamento, pagam bem para que os diferentes mercados europeus não coloquem obstáculos às suas empresas.

Mas sabes uma coisa, David? É assim a "real politik".

Além disso, a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia - apesar da destruição do sector agrícola e pesqueiro - é, na minha opinião, um caso de sucesso. Portugal ganhou definitivamente estabilidade política e económica que lhe permitiu mais que duplicar o seu nível de desenvolvimento socio-económico em pouco menos de 20 anos. Houve custos e houve proveitos. O balanço, para mim, é claramente positivo.

A Alemanha e a França não são para mim o eixo do mal. Simplesmente defendem, principalmente os franceses, um modelo de desenvolvimento, o tal social europeu, que eu considero pernicioso para a competitividade da economia da UE.

Confesso-te que ainda li a cláusula de saída inscrita no Tratado. Não sei se tu já leste, mas amanhã irei ler os anexos do Tratado. De qualquer das formas, eu não defendo a saída de Portugal da UE.

"Mas afinal o que raio defendes tu para a Europa", perguntas tu?

Amanhã respondo-te.

1 comentário:

Anónimo disse...

Claro que ninguém (mesmo um anti-federalista) quer que Portugal abandone a União Europeia, pelo menos enquanto continuarem a chover os tão ansiados fundos de coesão... Ou estou enganado?