sábado, junho 18, 2005

Terror na terra do Drácula!

Com um título em que aludia ao ‘terror’, acabei de ler uma lúcida análise de Nuno Pacheco, no seu editorial do ‘Público’, que me deixou, no mínimo, sombrio, factor que se vai tornando uma constante no meu quotidiano.
A força da fé não tem medida de poderosa que é – para o bem e para o mal.
A sua apropriação para outros fins também não tem medida pela capacidade de transformação que pode protagonizar.
A Inquisição nos seus Autos de Fé não desdenhou da sua apropriação porque de fé, na realidade, não se tratou. Crime é apenas a palavra que encerra o efeito dessa apropriação.

Pensei que se tivessem guardado atentamente as memórias de tão nefastos actos. Pensei. Contudo, e no quadro de uma panóplia de modernas atrocidades ocorrentes numa diversidade territorial e cultural vasta, os velhos hábitos ainda não foram extirpados da conduta do homem europeu.
Foi aqui, ao lado, na Roménia, que o caso se deu ao conhecimento.
Torturar e crucificar uma jovem de 23 anos, freira, num convento ortodoxo, sendo os autores da ocorrência um padre e quatro freiras com a justificação de que a 'serva de Deus' não ter confessado estar possuída pelo Demónio ou isto ou aquilo, em 2005, é inqualificável mas não deixa de ser próprio do ser humano.

A espécie humana continua a deter o título da espécie com maior número de monstros da história decifrada do planeta Terra.
Haverá a possibilidade de existir 'mais do mesmo' noutro local do cosmos? Ainda não sabemos, mas com um pouco de sorte pode ser que não!
Para não ficarmos por aqui é de assinalar que, e com infinita tristeza o escrevo, as autoridades superiores ortodoxas orientadoras do mosteiro em causa deixaram escapar esta reacção - que também já correu mundo -:
“Não sabemos o que a jovem terá feito!”

A única explicação, e como estamos na Roménia, poderia ser a atribuição do hediondo acto a Drácula!
Mas mesmo esse é um clássico da literatura e do cinema e muito foge aterrorizado sempre que se confronta com a Cruz dos Homens.

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