quarta-feira, julho 27, 2005

A credibilidade dos ambientalistas

Como é possível que em pouco mais de 1 ano, a opinião de uma associação ambientalista como a Quercus tenha mudado de forma tão radical no que diz respeito à construção da OTA? (informação obtida via Blasfémia que, por sua vez, obteve via Insurgente)

Onde antes se ouvia que "não só a construção desta infra-estrutura acarreta enormes impactes ambientais e se revela muito mais onerosa como será de difícil construção, dada a tipologia do solo e o biótopo de zona húmida aí existente" , hoje ouve-se que é a "única solução viável".

Onde antes se ouvia que "as faraónicas soluções de drenagem, de desvio das ribeiras da Ota e Alvarinho (com o recurso a uma barragem) e até o eventual terraplenar de um monte para garantir a funcionalidade da estrutura, mesmo com elevadas deficiências de funcionamento (é afirmado que a pista com maior qualidade de utilização é também a que mais incorre em risco de inundação), demonstram cabalmente que esta obra é completamente desajustada à localização pretendida"; hoje ouve-se que encerra alguns problemas, mas é a "solução menos má".

Será que Francisco Ferreira quer destruir a credibilidade da Quercus? Pode-se dizer que os ambientalistas já não têm muita - lembrem-se da nomeação de um ex-líder da Quercus para líder da famosa Fundação das Minas do Samouco; quer a criação da Fundação quer a nomeação do ex-dirigente foram ambas da autoria de José Sócrates.

Mas, enfim, espera-se sempre mais, muito mais, de pessoas que dizem defender os interesses do ambiente em Portugal.

4 comentários:

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

Há já muito tempo que desprezo os ambientalistas da Quercus, por ladrarem muito sem sugerirem uma (pelo menos) solução alternativa seja a que problema for.
Mas existem muitas associações ambientalistas neste país com sentido de responsabilidade. Mas só se dá voz aos que ladram mais alto! (Fazendo muito barulho aumenta-se a hipótese de arranjar um tacho do estado...)

Anónimo disse...

Quando se discutia calorosamente a incineração de residuos na cimenteira perto de Coimbra ( lembram-se?) os ambientalistas institucionais (quercus e outros) lembraram-se que as barragens eram perigosas... e assobiaram para o lado sobre a questão dos resíduos... ( quem duvidar consulte a imprensa da época - se bem me recordo alguma imprensa sugeriu que alguns ambientalistas teriam ligações à cimenteira...)

Anónimo disse...

Fui sócio fundador da Quercus, uma organização criada por amantes da Natureza (estudantes de engenharia, contabilistas, professores de história, bancários e pouco mais) abandonei a organização quando concluí que tinha sido tomada por um grupo de profissionais do ambiente (gente da biologia e afins que via na associação uma boa fonte de recolha de informação científica para publicação sem levantar o rabo da cadeira e sem mencionar as fontes, e uma boa fonte de tachos em comissões e grupos de estudos.
diogenes

Anónimo disse...

Tendo-me chegado a mensagem e respectivos comentários por mail e como visado (e membro da Direcção da Quercus), acho que convém esclarecer alguns equívocos pela total e completa distorção de quem parece não conhecer a Quercus:

Como dirigente da Quercus apenas afirmei que quando da discussão das opções entre Rio Frio e Ota para a discussão da localização de um novo aeroporto (estudos disponíveis em www.naer.pt), a Ota surgia como a opção menos má.

A Quercus não tem uma posição sobre o assunto, porque nomeadamente em termos do impacte ambiental da permanência da Portela e de impacte no ruído e qualidade do ar, os efeitos são bastante graves. Seria primário da nossa parte, sem ponderar todas as variáveis em jogo fazer essa a avaliação e por isso remetemos para daqui a um / dois meses uma posição sobre o assunto.

Quanto ao resto dos comentários:

- não há nenhum membro da Direcção da Quercus que seja funcionário do Ministério do Ambiente;

- a Direcção da Quercus tem talvez nos seus 24 membros 4 ou 5 pessoas formadas em biologia; as acusações feitas sobre aproveitamente em trabalhos científicos feitas por um "anónimo" só são válidas se houver mais detalhes - assim devem ser totalmente ignoradas;

- a Quercus não é rica nem recebe subsídios do Ministério do Ambiente; recebeu o ano passado apoio a dois projectos no valor de 8 mil euros;

- trabalho na Quercus é maioritariamente voluntário, nomeadamente o dos membros da Direcção e incluíndo o meu;

- houve realmente um ex-Presidente da Quercus que depois de abandonar o cargo foi consultor das cimenteiras na questão dos resíduos perigosos; foi uma opção pessoal dele, de que a Quercus não é responsável e não influenciou em nada as nossas posições.