sexta-feira, julho 22, 2005

Speechless

A resposta do João Morgado Fernandes ao post aqui em baixo, deixou-me sem palavras. Ainda não sei o que diga. Os argumentos utilizados são tão inacreditáveis que vale a pena citar na íntegra para o leitor apreciar:

"Olhe... ponha-me isso num estudo
[Resposta ao Milhafre, obviamente sem qualquer intenção de descredibilizar.]
Ia jurar que a A1 já tinha três faixas até Aveiras (ou seria Carregado?) antes de 2001. Porém, para o confirmar, teria de ler uns estudos ou, no mínimo, consultar o Google. Mas estou sem tempo e, confesso, paciência.Quanto aos estudos tenho um problema: nunca sei quais ler - os que são a favor, ou os que são contra.Ponham dois cientistas, engenheiros, especialistas, seja o que for, a discutir a Ota ou o TGV e verão como muito rapidamente desatam a esgrimir com mais violência que qualquer político. Verão ainda como todos os argumentos técnicos se destinam a sustentar uma tese prévia. Ou seja, como a ciência é posta muito rapidamente ao serviço das convicções. Quase uma fé. Temos, assim, os media pejados de cientistas que são pró e contra o nuclear, especialistas que são contra e a favor da co-incineração, da fertilização in vitro, do aborto, da regionalização, do combate ao terrorismo...Uma das consequências da hipermediatização em que vivemos é que a ciência, os estudos, não só deixaram de ser o território neutro por excelência, como passaram a ser ele próprios os principais protagonistas das polémicas. Insisto: relatórios, estudos, especialistas, são hoje apresentados apenas para confirmar teses apriorísticas e só muito raramente para esclarecer ou ajudar a decidir. Exemplo acabado disso são os famosos pareceres jurídicos, sempre feitos à medida da encomenda. Com a Ota e o TGV passa-se exactamente a mesma coisa, pelo que me dispenso sequer de tentar ler os famosos estudos. Leio opiniões e nenhuma delas é equilibrada - cada um colige os dados que mais se colam à sua ideia preconcebida. Tão simples como isso.E é por isso que não tenho opinião sobre a Ota e o TGV. Não é por preguiça. Aliás, se quisesse ter opinião, seria fácil - faria como toda a gente. Primeiro, decidia de que lado queria estar, depois arranjava uns números que confortassem essa opção. Prefiro, por isso, ficar-me pela apreciação da espuma da decisão política. E, face às indecisões de décadas, confio nas decisões do presente. E volto a insistir - confio porque decidi confiar e não por ter feito qualquer estudo sobre a matéria. Aliás, desconfio que se fizesse um estudo ele dar-me-ia inteira razão... Há, porém, um aspecto quase trágico, porque cómico, em toda esta questão do TGV e da Ota. É a teoria da conspiração levada para lá dos limites do razovável. Há um ministro que se demite por causa da Ota (!), há um partido que obriga o seu Governo a fazer a Ota (!!) devido, é claro, aos mais inconfessáveis propósitos... - como se isso não estivesse no programa eleitoral... - e andamos todos muito entretidos a dar razão a uns e a tirar a outros. Porque, de fonte muito segura, topámos tudo o que se está a passar. Pudera... está tudo estampadinho num estudo".
www.terrasdonunca.blogspot.com

Sem comentários: