quinta-feira, julho 21, 2005

Quando as OTA's são o problema - parte 1

O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, assumiu ontem no Parlamento que a "localização da OTA é mais vantajosa como alternativa à Portela", fundamentando a sua opinião com razões ambientais. O ruído do actual aeroporto de Lisboa foi a principal razão apresentada.
Lino garantiu ainda que irá avançar com pequenos trabalhos preparatórios da grande obra pública chamada aeroporto internacional da OTA, como drenagens do terreno, expropriações e desvios de linhas de alta tensão.
O que serve para dizer que não há nada a fazer: a OTA está escolhida, a OTA escolhida está.
É um erro colossal. E explico porquê.
Não ponho em causa a necessidade de uma nova infra-estrutura aeroportuária. A Portela não irá além de 2015/2020. Logo, é preciso planear o futuro. Mas com a opção da OTA tal não é feito. Pelo contrário.
1 - A zona para onde está planeado construir esse mamute branco não permite a edificação de mais de duas pistas. Leram bem. Não é gralha. São mesmo 2 PISTAS. E depois?, perguntam os pessismistas.
E depois não haverá qualquer hipótese de expansão. Ou seja, a capacidade máxima de 30 milhões de passageiros/ano da OTA será alcançada em 15/20 anos, sendo certo que ao fim desse tempo terá que se construir outro aeroporto. O Governo de Sócrates prepara-se para avançar para um investimento de mais de 3.000 milhões de euros que permitirá construir uma infra-estrutura que terá, no máximo, 20 anos de vida.
Basta dizer que o aeroporto de Barajas, nos arredores de Madrid, tem previstas obras de expansão e construção de novos terminais que permitirão receber 90 milhões de passageiros/anos. E sabem porquê? Porque a área onde está situada a infra-estrutura permite, geograficamente falando, essa expansão. A OTA não.
(As empresas de obras públicas aplaudem a OTA, pensado já no aeroporto sucessor)
2 - A zona da OTA tem também problemas ao nível dos solos, por causa das bacias hidrográficas da bacia do Alvarinho e da bacia da OTA. O que obrigará a uma movimentação de terras, segundo especialistas, que poderá chegar aos 50 milhões de metros cúbicos terras. Ou seja, cerca de quatro vezes mais do que os actuais números do país.
(Os empreiteiros esfregam as mãos de contentes com o volume de negócios que a construção do novo aeroporto poderá gerar. Os cofres do Estado ficarão ainda mais vazios, porque esta obra, com a localização da OTA, custará certamente muito mais que 3 mil milhões de euros).
3 - Os acessos ao novo aeroporto também poderão elevar o custo da construção. Pela simples razão de que terão que ser construidos a uma cota de cerca de 30 metros, sobre lodos, argilas e areias argilosas do leito das ribeiras.
(Os empreiteiros ficam histéricos. Os seus olhos parecem cifrões)
4 - A auto-estrada do Norte terá que ser duplicada naquela zona. Qualquer leitor que conheça a A1 naquela zona, sabe que estamos a falar de um terreno acidentado. Há espaço? Quanto custará? Alguém já fez o estudo de construção?
(A Brisa junta-se aos empreiteiros que, aos saltos de felicidade, não notaram a chegada do novo parceiro)

3 comentários:

Fernando disse...

Boa abordagem.
Conhece algum bom sítio onde estejam abordados de forma independente os básicos económicos da Ota e do TGV?

Obrigado

Luís Bonifácio disse...

VocÊ já está atrasado. Barajas, que há 10 anos era o pior aeroporto da Europa (Cheguei a aterrar às escuras) tem um novo terminal com uma pista, mas com espaço para mais duas. Ou seja poderá ficar com 4 pistas, considerando que a pista cruzada 18/36 terá de ser desactivada para as adicionais ao novo terminal funcionarem.
A três Km está a base aérea de Torrejón com uma pista preparada para B-52 e com espaço para mais duas.

Isto são condições mais que suficientes para se ter um Verdadeiro HUB, coisa que os Politicos em Portugal vomitam pela boca todos os dias, mas não fazem a mínima ideia do que é que se trata.

Luís Bonifácio disse...

Podem ver Barajas e a área envolvente em maps.google.com