quinta-feira, julho 28, 2005

A Propósito de Energias Alternativas…



Hoje li isto na versão on-line do Jornal de Negócios:

A hipótese de Portugal perder o investimento estrangeiro de 426 milhões de euros que diversos investidores estrangeiros pretendiam aplicar na maior central eléctrica solar do Mundo, nas minas de São Domingos, é cada vez maior, depois do Ministério da Economia (MEI) ter anunciado que a capacidade disponível para projectos de energia fotovoltaica está praticamente esgotada, não acomodando a capacidade prevista para este projecto.

Apesar de ainda manterem o interesse em investir neste projecto em Portugal, o Jornal de Negócios apurou que a La Sabina, sociedade promotora do Parque Solar de São Domingos, não está disponível para avançar para o projecto de investimento deste parque solar sem a contrapartida estatal para a remuneração da alimentação, alegando que o projecto é economicamente inviável sem subsidiação na tarifa.

Acho esta notícia tão bizarra quanto incoerente. Mas isto sou eu…

3 comentários:

Anónimo disse...

Parece simples: a energia solar é óptima em tudo, excepto no preço.

Há quem defina prioridades (é suposto ser o Governo) para se alocar as verbas de todos. Uma parte desses dinheiros vem da UE.
Que estabelece quotas por sector para investimentos deficitários (os outros não precisa, pois se fossem viáveis os privados não precisavam do dinheiro de ninguém).

Em Portugal esgotámos a capacidade de financiamento deste tipo de energia que, como se diz na notícia, é economicamente inviável.

Onde é que está a bizarria e a incoerência?

Anónimo disse...

E qual o preço real do Kw da energia eólica? Repito, preço real da energia produzida, não da potencia instalada, incluindo o custo do investimento para colocar a energia na rede de distribuiçâo?
No bloquitica está um comentário bem documentado sobre este assunto

Corvus Corax disse...

Meu caro anonymous,

Agradeço os seus comments, são esclarecedores, lucidos e objectivos, três qualidades que me agradam e me levam a pensar que o caro amigo (e porque não amiga? Porque o tom seria outro, claro) é sem dúvida um jornalista. Se assim for, vai ser sempre muito complicado para si perceber a tal bizarria e incoerência que me desconsolam e (acho que isto foi mal explicado da minha parte) não têm a ver com a noticia em si, mas com as razões práticas que a motivam.

Talvez você se tenha treinado a, inconscientemente, partir para os seus raciocinios com base naquilo que politica e socialmente está defenido, sendo a partir dai que constrói as suas análises. Eu faço exactamente o contrário. Muitas coisas neste país soam-me a absurdo porque eu faço o percurso inverso, desconstruindo aquilo que já "é" e pensando porque não "o será" de outra maneira.

Não discordo em nada do seu discurso, apenas lamento que Portugal se tenha enleado numa teia de forma tão parola e inocente que agora se depare com incongruências como as relatadas nesta notícia. Lamento que desde sempre (refiro-me à história do país) fomos um povo brilhante em lixar-nos por falta de capacidade de apostar a longo prazo, nunca defendemos interesses que não fossem óbvios à partida e no curto prazo, nunca fomos capazes de apostar no futuro (o que é perfeitamente normal num país em que a mentalidade geral está presa a uma idéia faraónica de que é preciso fazer fortuna para depois levá-la para o caixão).

Espero que tenha compreendido o meu ponto de vista sobre este assunto. Mesmo que não, temos todo o tempo do mundo até esclarecer. Obrigado pelos seus comments, volte sempre!